terça-feira, 12 de outubro de 2010

Questões de Sustentabilidade - Revista Téchne

A revista Téchne, da Pini, em sua edição de setembro 2010, apresenta interessantes matérias e entrevistas dedicadas à Sustentabilidade das Construções. Reproduzo a seguir algumas questões levantadas pela publicação.

Arquitetura Sustentável


A sustentabilidade pode comprometer os anseios do arquiteto e limitar a produção intelectual e artística, empobrecendo os projetos? Como a sustentabilidade pode se casar com harmonia com a arquitetura?


Centro Brasileiro Britânico, projetado por Botti Rubin Arquitetos Associados

Entendemos que não. A sustentabilidade não compromete o projeto nem limita a atuação do arquiteto. Há algum tempo estamos refletindo sobre o assunto no Comitê Temático de Projeto do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), com temas ainda emergentes do grupo de sustentabilidade da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). Sempre afirmamos que a sustentabilidade não é um objetivo em si a ser alcançado. Não é uma situação estanque, mas sim um processo, um caminho a ser seguido. Toda a criação nessa área é feita a partir de intenções que são renovadas continua e progressivamente. Intenções essas genuínas, que devem estar verdadeiramente compromissadas com os valores do cliente, este entendido como a síntese do contratante, do usuário e da comunidade socioambiental onde o projeto e a obra estão inseridos.

Não existe a fase ou etapa "sustentabilidade" no processo projetual. Quando isso ocorre pouco se agrega ao resultado final. Existe, sim, a opção pelo sustentável que permeia todo o processo. Esse exercício permanente e constante de lidar com o desejo ao desenvolver seu trabalho pode trazer dúvidas e conflitos ao projetista. A natureza sempre foi e é minimalista. Usa com eficiência a economia de recursos. Isso quer dizer que seremos obrigados a fazer uma transição. Desenvolvemos o saber e o saber fazer com a sociedade de consumo. Vamos ter que fazer o mesmo com a sociedade da sustentabilidade.

Assim, o desafio está em aprender a lidar com esses valores, com as novas possibilidades e conhecimentos tecnológicos que nos permitem criar modelos e soluções adequadas às demandas atuais. Aliás, se fala muito que a boa arquitetura foi, é e será sempre sustentável naturalmente. Não discordamos, apenas entendemos que é necessário aprofundar essa avaliação e desenvolver instrumentos que possibilitem a medição inequívoca de boa parte dessas qualidades.

Exemplo evidente é a disponibilidade atual de dezenas de softwares que permitem a elaboração de modelos arquitetônicos para testar a eficiên­cia energética de soluções bioclimáticas e que mal são utilizados. Propor, medir, explicitar valores e procedimentos são ações que podem sugerir caminhos ou tendências.

Necessitamos mudanças de postura para harmonizar sustentabilidade e arquitetura. Senão, vejamos: quantos projetos são concebidos e construídos considerando o ciclo de vida do ambiente construído? Quais são os processos incorporados à arquitetura e implantados na prática que permitem a redução, mitigação e por final disposição de todos os resíduos produzidos por uma obra? Como medir desempenho dos componentes e garantir habitabilidade, durabilidade e manutenibilidade dos espaços e materiais envolvidos numa construção? Temos um longo caminho a percorrer, mas acreditamos que chegará o momento que não precisaremos mais qualificar e diferenciar arquitetura sustentável de não sustentável; nossas demandas serão outras. A sustentabilidade orientará os projetos naturalmente e a criatividade será mais estimulada na nova beleza da sustentabilidade.

Paulo Lisboa, arquiteto e urbanista
sócio-titular do escritório Paulo Lisboa Arquitetura e membro do Conselho Deliberativo do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável)

Edifícios Sustentáveis

Quais os projetistas nacionais e internacionais considerados referência em projetos sustentáveis?

Edifício da empresa de seguros Swiss Re, em Londres, de Norman Foster

A resposta a isso depende do entendimento do que sejam projetos sustentáveis. No exterior há vários escritórios, grandes ou pequenos, que desenvolvem projetos com altos níveis de desempenho ambiental. A dimensão social ainda é pouco explorada, enquanto as restrições econômicas concretas para um projeto típico nem sempre se aplicam, por se tratarem, muitas vezes, de casos emblemáticos ou projetos demonstrativos. Nos Estados Unidos, são considerados referências os escritórios HOK - apontado como principal projetista de edifícios sustentáveis no EUA por dois anos consecutivos - Bill Berkerbile, do BNIM Achitects e o arquiteto William McDonough, ambos pioneiros do movimento de arquitetura sustentável norte-americano. Outro nome de destaque é Renzo Piano, que consistentemente alia qualidade arquitetônica insuperável com alto desempenho, como no caso da ala moderna do Instituto de Arte de Chicago.

Na linha que se vale mais de tecnologia avançada e de alto nível de sofisticação, sem dúvida um dos primeiros nomes que ocorrem é naturalmente o do escritório de Foster+Partners, responsável por projetos como o Commerzbank Headquarters Building em Frankfurt, na Alemanha, considerado o primeiro arranha-céu "verde"; o edifício da prefeitura municipal e o edifício da empresa de seguros Swiss Re (foto), ambos em Londres, na Inglaterra. Este último edifício é interessante por resgatar a concepção do climatroffice de Buckminster Fuller dos anos 1970, os quais possuíam envoltórias de módulos triangulares (aplicados também nos geniais geodomos de Fuller) e com jardins internos. O emprego de ferramentas sofisticadas de otimização de forma resultou na previsão, em projeto, de 20% de economia no consumo energético para a climatização. O edifício da prefeitura de Londres, por sua vez, seguiu o mesmo procedimento do Swiss Re para determinação aerodinâmica de forma, e autossombreamento, além do emprego de acoplamento com o solo para otimização do desempenho energético. A Hearst Tower, outro projeto de Foster, este em Nova Iorque, nos Estados Unidos, lançou mão novamente de módulos triangulares para reduzir substancialmente o consumo de material utilizado na estrutura.

No extremo do uso racionalizado de recursos, estariam arquitetos como Mick Pearce, que desenvolveu obras-primas como o EastGate Center, em Harare, no Zimbábue, e o CH2, em Melbourne na Austrália. No East Gate Center, ao mimetizar um cupinzeiro, conseguiu produzir um centro comercial de vários pavimentos sem condicionamento artificial em plena savana africana. O edifício foi projetado para usar apenas 10% da energia consumida por um edifício de seu tipo e porte. Infelizmente, a solução para intensificar a efetividade da ventilação natural desenvolvida por Arup Associates, outro nome sempre presente em projetos de engenharia para sustentabilidade, não receberam a manutenção necessária e hoje já não funcionam. No CH2 o aprendizado obtido no EastGate foi levado a um outro nível, mesclando soluções de alta e baixa intensidade tecnológica, indo desde a correta utilização de brises, até o uso de material de mudança de fase para condicionamento e o emprego de microturbinas eólicas.

No Brasil, seguramente um arquiteto que se destaca por trabalhar consistentemente em busca de soluções mais sustentáveis, antes mesmo que se tornasse uma demanda comercial, é João Filgueiras Lima, o Lelé. Sua criatividade para desenvolver soluções inovadoras e eficientes, principalmente, de ventilação natural, diante da limitação tecnológica e de recursos disponibilizados, ainda hoje não encontra muitos pares.

Vanessa Gomes, arquiteta e urbanista
Professora-associada do Departamento de Arquitetura e Construção da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professora visitante do Department of Chemical and Petroleum Engineering da University of Pittsburgh, nos Estados Unidos

Telhados Verdes


Para que a cobertura verde tenha realmente um papel de auxílio à sustentabilidade, que aspectos devem ser considerados? Qual o desempenho dessas coberturas ao longo do tempo?

Telhados verdes oferecem uma estratégia inteligente e de alto impacto para amenizar a aridez e os efeitos das mudanças do clima nas cidades modernas. Inúmeras cidades por todo o mundo já reconhecem esses serviços e oferecem incentivos fiscais e reduções de impostos, sinalizando mudanças de rumo no planejamento e reestruturação da infraestrutura urbana. Grandes obras públicas e privadas já caminham nessa direção. Para criar e manter esses novos ecossistemas em longo prazo, a composição da tecnologia de cultivo sobre áreas impermeáveis é fundamental - todos os componentes do telhado verde devem colaborar para seu desempenho ao longo do tempo em condições adversas: engenharia de drenagem, armazenamento de água, espaço/volume para crescimento de raízes, substrato leve e em proporções adequadas para que não seja necessária a reposição constante, seleção de plantas (um gramado consome pelo menos quatro vezes mais água do que algumas espécies de plantas suculentas).

Uma vez bem estabelecido, o telhado verde tem longa durabilidade. Um artigo publicado em maio deste ano na revista especializada norte-americana Ecological Engineering compara a performance a longo prazo de diversos telhados verdes construídos em Berlim desde 1880. O estudo comparou esses sistemas antigos aos sistemas modernos estabelecidos a partir da década de 1980. Segundo os autores, os telhados verdes modernos têm um desempenho muito superior aos sistemas antigos, devido às tecnologias aplicadas, havendo correlação positiva entre a capacidade de armazenamento de água do sistema e o índice de cobertura vegetal. Sistemas de armazenamento de água da chuva ajudam na eficiência do telhado verde, mas não excluem uma avaliação da necessidade de irrigação, que pode ser obrigatório para algumas espécies. Um plano mínimo de manutenção é recomendável.

Sérgio Rocha, engenheiro-agrônomo
diretor do Instituto Cidade Jardim

Selo Procel

Como funciona a etiquetagem Procel Edifica de consumo de energia? Para que uma edificação obtenha a etiqueta, que medidas deve adotar em todas as frentes de funcionamento dos sistemas?

A etiquetagem de edificações se torna eficaz para a redução do consumo de energia elétrica à medida que pode ser usada como ferramenta para contratação de projetos mais eficientes ou para o estabelecimento de metas de melhoria por grandes contratantes, tanto públicos quanto privados. Pode ser, ainda, parâmetro para concessão de melhores condições de financiamento bancário, como já vem ocorrendo no Programa ProCopa Turismo - Hotel Eficiência Energética, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O processo de etiquetagem, consolidado no Brasil em 2009, ocorre em duas etapas: começou pelas edificações comerciais, de serviços e públicas, e deve, já em 2010, ser ampliado para as edificações residenciais. A etiqueta para os edifícios é bastante semelhante àquela já utilizada pelo Inmetro nos equipamentos eletrodomésticos, sendo que, para as tipologias de edificações da primeira etapa, considera a classificação do nível de eficiência energética de três subsistemas: Envoltória (relacionada aos materiais usados nas fachadas e cobertura), Iluminação e Condicionamento do Ar. Os edifícios ventilados naturalmente, mesmo que não integralmente, ou seja, que conjuguem ventilação natural e climatização artificial, poderão ter a parcela naturalmente ventilada avaliada para que seja classificada a sua eficiência, considerando, ainda, critérios de conforto ambiental.

Além dos sistemas individuais, existe a possibilidade de concessão de bonificações para medidas que, comprovadamente, representem economia direta ou indireta de energia como, por exemplo, dispositivos economizadores de água ou uso de fontes alternativas. A classificação varia de A (mais eficiente) até E (menos eficiente) e poderá ser feita de forma parcial. A envoltória, contudo, sempre terá que ser avaliada. São etiquetáveis, nesta primeira etapa, as edificações comerciais, de serviços e públicas com área a partir de 500 m² ou com tensão superior a 2,3 kV. Existem duas formas para a classificação do nível de eficiência energética do edifício: método prescritivo e simulação computacional. No método prescritivo, é usada uma equação onde se pondera os subsistemas. O condicionamento do ar vale 40% da nota e, os demais, 30% cada, para se chegar à classificação geral. A outra forma de classificação ocorre por simulação computacional, quando se compara o consumo anual de energia do projeto proposto simulado com um modelo de referência construído pelo método prescritivo para o nível de efi­ciên­cia energética que se deseja alcançar. A etiqueta é concedida para o projeto da edificação após avaliação, e para a edificação construída, após inspeção amostral, onde é verificada a conformidade entre a obra e o projeto. Para que uma edificação obtenha boa classificação, deverá seguir os critérios estabelecidos com essa finalidade nos regulamentos técnicos publicados pelo Inmetro.

Convém ressaltar, ainda, que existem diversos pré-requisitos a serem atendidos, desde gerais, como a possibilidade de medição individualizada de cada um dos subsistemas, nos prédios novos, até pré-requisitos específicos para cada um dos subsistemas. Dentre os pré-requisitos específicos, destacamos a adequação dos materiais das fachadas às condições bioclimáticas da região em que o prédio está localizado; soluções de iluminação que permitam conjugar iluminação natural e artificial ou desligamento automático da iluminação e sombreamento de aparelhos de ar condicionado de janela. Hoje, há dez edifícios etiquetados no Brasil e mais aproximadamente 50 em processo de concessão da etiqueta. Prédios novos e existentes, desde que tenham os projetos completos, podem ser etiquetados.

Solange Nogueira, engenheira civil gerente da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da Eletrobrás solangenogueira@eletrobras.com

Escopo de certificação


Há algumas certificações ambientais de empreendimentos disponíveis no Brasil, como LEED (Green Building), Aqua (Fundação Vanzolini), Selo Azul (Caixa Econômica Federal) e Procel Edifica. Essas certificações abrangem somente o projeto ou entram no mérito da obra e da operação do empreendimento? Essas certificações garantem um desempenho sustentável?

Rochaverá Corporate Towers: projeto do escritório Aflalo & Gasperini da incorporadora norte-americana Tishman Speyer

Três dessas certificações entram no mérito do projeto e da obra, mas não da operação; o Procel Edifica cobre apenas o projeto. Mas cabe esclarecer que elas avaliam as condições de projeto que vão permitir uma operação ambientalmente sustentável. Como é no projeto que se definem as características de empreendimento, o desempenho depende dele ao longo da vida útil. Por exemplo, a previsão de dispositivos que levem à redução do consumo de água é feita no projeto, mas as economias acontecerão na operação; mas sem os dispositivos, tal objetivo estaria sacrificado. É por isso que as certificações exigem a previsão desses dispositivos no projeto, cuja instalação efetiva é demonstrada após a execução da obra.

Daí a importância de avaliar também as condições da obra, seja para verificar se o que foi previsto no projeto de fato foi realizado, seja para tratar de temas diretamente relacionados à execução, como o uso racional dos recursos (materiais, água, energia), o gerenciamento de resíduos e a redução dos incômodos e das diferentes formas de poluição que um canteiro de obras pode causar, nos trabalhadores, na vizinhança e na comunidade como um todo. Algumas das certificações preveem a inclusão, no manual de operação que se entrega aos usuários e aos responsáveis pela operação, de informações precisas para que se tenha o uso e a operação sustentáveis. Além disso, um dos 14 temas cobertos pelo Processo Aqua volta-se especificamente à manutenção, estabelecendo critérios para que se tomem ações no projeto que assegurem a permanência do desempenho ambiental ao longo da operação.

Apesar disso, nenhuma dessas cerificações garante um desempenho sustentável; o que trazem são elementos que asseguram que o edifício possua condições técnicas e arquitetônicas para tal desempenho. Essa limitação vem de nenhuma delas poder reverter o fato de que o empreendedor não tem poder sobre o comportamento dos futuros usuários e responsáveis pela operação do edifício - embora se prevejam dispositivos, são eles quem vão fazer uso deles, que podem não respeitar as orientações passadas. Há, portanto, a necessidade de uma permanente educação da sociedade quanto ao tema: os usuários e os técnicos têm que mudar seu comportamento para que se tenha melhor desempenho dos edifícios em uso, sejam eles certificados ou não.

No entanto, o Leed e a certificação francesa na qual se apoia o Aqua possuem referenciais de certificação voltados para a etapa de operação, que devem em breve estar disponíveis no Brasil. Isso significa que, por exemplo, uma administradora condominial ou o responsável técnico pela operação de um edifício corporativo, de um shopping center ou de um hotel podem ter certificadas as suas práticas de gestão sob o ponto de vista ambiental. Além disso, na Escola Politécnica da USP finalizamos há pouco uma pesquisa de doutorado que propõe um modelo de gerenciamento da sustentabilidade de facilidades construídas que, embora não vise à certificação, traz elementos importantes visando ao uso, a operação e a manutenção de edifícios sustentáveis.

Francisco Ferreira Cardoso, engenheiro civil
Professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP

Custos de certificação

Qual o custo médio, por metro quadrado, para certificação de edificações comerciais de alto padrão?

Processo AQUA

O valor total da certificação Processo AQUA pela Fundação Vanzolini, incluindo as auditorias presenciais, avaliações e emissões dos certificados, nas três fases - Programa, Concepção e Realização, para um edifício comercial padrão com cerca de 10.000 m2 construídos é de R$ 31.200,00, o que corresponde a R$ 3,12/m2. Como regra geral, o valor vai de R$ 17.500,00, para até 1.500 m2 construídos, a R$ 87.500,00, para 45.000 m2 ou mais metros quadrados construídos. A certificação AQUA para empreendimentos comerciais se baseia no atendimento a critérios de sustentabilidade coerentes e abrangentes, que compõem 14 categorias de desempenho agrupadas em quatro temas: ecoconstrução, ecogestão, conforto e saúde, cujo atendimento é verificado ao longo do empreendimento, no final das fases Programa, Concepção ou projeto, Realização e Operação/Uso.

Manuel Carlos Reis Martins, engenheiro civil
Coordenador-executivo da Certificação da Construção Sustentável - Processo Aqua e coordenador técnico na Certificação de Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14.000 da Fundação Vanzolini

Procel Edifica

O custo médio estimado da avaliação do nível de eficiência energética de um projeto, feita por um organismo de inspeção acreditado pelo Inmetro e de acordo com a metodologia de etiquetagem de edifícios, é de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Não é possível estipular um custo médio por metro quadrado (ver pergunta sobre a etiqueta Procel na página 36).


Solange Nogueira, engenheira civil
Gerente da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da Eletrobras

Custos de obras



Qual o impacto da certificação ambiental nos custos da obra e nos custos de operação e manutenção do edifício?

Ainda é bastante prematuro falarmos no Brasil sobre o valor dos investimentos adicionais em um projeto/construção de uma edificação decorrentes da certificação LEED. Se avaliarmos as 18 certificações já obtidas no Brasil, verificamos que se tratam de diferentes tipos de empreendimentos com certificações LEED variadas. Normalmente um pequeno projeto tende a ter custos adicionais mais elevados, enquanto empreendimentos de grande porte conseguem diluir mais facilmente o investimento adicional. Alguns clientes, cujos projetos contaram com nossa consultoria efetuaram o levantamento desses custos, o que nos permite afirmar que para um retrofit completo de uma construção existente, o investimento adicional para a obtenção de uma certificação LEED for Core & Shell Ouro foi da ordem de 12%. Já numa nova construção de médio porte, que obteve uma certificação LEED NC, nível prata, esse investimento foi de 5%.

No mercado brasileiro, incorporadores importantes comprometidos com a certificação ambiental de edificações têm divulgado percentuais que oscilam entre 9% e 11% de investimento para que seus empreendimentos de grande porte sejam certificados. Essas são referências de casos reais, mas até que tenhamos mais certificações no País, não podemos garantir a consistência desses números, mesmo em projetos similares, visto que os requerimentos atendidos por um ou outro projeto podem variar consideravelmente. Algumas referências internacionais (EUA - que já possuem mais de dez anos de experiência com a certificação LEED) demonstram que os empreendimentos certificados apresentam (segundo dados da Mac Graw-Hill Construction, Key Trends in the European and U.S. Construction MarketPlace - SmartMarket Report, 2008) em média 8% a 9% de redução de seus custos operacionais, apresentam valorização do preço do empreendimento de aproximadamente 7,5% e 3% de aumento da taxa de locação entre outros indicadores de melhorias. Nos EUA os empreendimentos certificados muitas vezes contam inclusive com redução dos custos de seguros da edificação.

João Alves Pacheco, mestre em administração de empresas, diretor de Engenharia e Sustentabilidade da Cushman & Wakefield

Mais informações em:
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/162/artigo185839-1.asp?o=r

Meus comentários:

Parabenizo os autores dos conteúdos apresentados nesta edição de Téchne, assim como também a editora Pini pela ampla visão sobre os diversos aspectos do tema e por sua isenção diante deles. É de fato uma referência.

Acrescento: Sobre cursos e treinamentos para a Construção Sustentável e Certificações Ambientais de Empreendimentos:
http://www.ecobuilding.com.br/.

Nenhum comentário: